segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

8.° Dia - Chegamos à Ushuaia - Rio Grande - Ushuaia (29-12-13)

Onde Estamos...




Visão Piloto

Após 8 dias de muito calor, chuva e frio, enfim alcançamos o extremo sul da Argentina, conhecido como o fim do mundo.

Debaixo de uma neve incômoda e muito frio, chegamos ao hotel por volta das 14hs. Felizmente a chuva deu uma trégua o que nos proporcionou um curtir a curta história da colonização dessa região.

Ushuaia é bastante jovem uma vez que não foi objeto de colonização espanhola. Não há uma catedral central e tampouco uma extensa plaza de armas, comumente encontradas nas cidades latinas. Há uma avenida principal, ao estilo de cidade de inverno, repleta de shoppings e vendendo todo tipo de roupa de frio.

A cidade se resume à esta avenida e um antigo presídio, que hoje dá lugar é palco de exposições de história da região. Brasileiros há por toda parte, de todas as regiões. A cidade tem presença forte brasuca, o que justifica que em vários lugares que passamos há informações em português. Só nós brasileiros para buscarmos frio em pleno verão no hemisfério sul. Se bem que nós motociclistas não nos interessamos por clima ou atividades turistóides, mas sim por uma boa viagem com boas paisagens, preferencialmente nos locais mais remotos do globo.

Falando em moto, hoje aproveitei para fazer uma pequena manutenção após mais de 5000 km rodados . Coisas como checagem geral de apertos, completar o óleo, etc.  

Amanhã tentaremos fazer uma visita ao Parque Nacional Tierra del Fuego.

Visão Garupa

Depois de muitas dificuldades, finalmente alcançamos nosso destino! Chegamos em Usuhaia!

Todo o nosso sacrifício do dia anterior - rodar mais de 16 horas na moto de Puerto San Julian até Rio Grande - valeu muito a pena, afinal estávamos apenas 220 km do nosso destino.

Como estávamos super cansados, acordamos quase em cima do horário final do café da manhã, arrumamos nossas coisas, fizemos o check-out no hotel, abastecemos a moto e, pé na estrada.

Quando saímos de Rio Grande, o dia estava bem feio. Estava frio e caía uma garoa fininha, bem chatinha. Claro que isso não atrapalhou em nada nosso objetivo - chegar em Ushuaia.

O caminho no todo foi bem legal - claro que é bem frio - mas não deixa de ser muito bonito e emocionante.

Na verdade, foi ficando mais bonito quando avançávamos na Serra que nos daria acesso à Ushuaia.

Vimos muita neve, a maravilha do lago escondido e ainda tiramos foto no Paso Garibaldi, uma espécie de mirante onde tivemos uma visão privilegiada das montanhas e da neve.

Enfim, foi incrível!

O mais legal que, a medida que nos aproximávamos de Ushuaia o dia foi se abrindo, foi ficando mais bonito e menos frio.

Como chegamos cedo e, aqui escurece tarde, deu para almoçar com calma no hotel - que tem uma vista incrível para o Canal Beagle - descansar e ainda dar uma passeada pela cidade.

Como é uma cidade recente, a cidade não é muito grande - cerca de 22km², então acho que percorremos muita coisa por aqui.

Amanhã faremos um passeio pelo Parque Nacional da Tierra del Fuego! Tomara que o dia esteja bem agradável como o de hoje.

Vídeo:






Algumas fotos do dia:


















domingo, 29 de dezembro de 2013

7.º Dia - Puerto San Julian (ARG) - Rio Grande (ARG) - A Resistência

Roteiro - Onde estamos...

G- H: Puerto San Julian à Rio Grande

Estamos hoje (28/12/13 - post com 1 dia de atraso) na cidade de Rio Grande. Abaixo caminho do dia:



Visão Piloto

O palavra que resume o dia de hoje é resistência. Resistência física, por conta do imenso frio que passamos entre Puerto San Julian e Rio Gallegos e resistência psicológica pois, ao fazermos a insana escolha de seguirmos até Rio Grande, chegamos quase 1h da manhã no Hotel. Digamos que, apesar da distância total ser somente de 720km entre os dois pontos, pelo caminho há 125km de rípio, 2 cruzadas de fronteira e uma travessia de balsa. Tudo somado, o percurso nos tomou 16 horas. Ou seja, um verdadeiro teste de paciência e resistência. 

Saímos de Puerto San Julian às 9:00hs debaixo de 6 graus e uma chuva desagradável, no mínimo potencializadora do frio. Isso não foi empecilho para tirarmos algumas fotos desse agradável ´pueblo´.


 Réplica do nau de Fernão de Magalhães Magalhães, navegador português que ao descobrir a região, foi homenageado com seu nome dado ao estreito no extremo sul da Argentina . Detalhe: com uma temperatura de 6 graus,vento forte e chuva,  tirar o capacete é quase um atentado a própria vida!


A chuva não nos deixou em paz por cerca de 3 horas. Ao chegarmos na cidade de Rio Gallegos, a tremedeira por baixo das roupas era o único remédio para aumentar a temperatura de um corpo em ponto de congelamento. A Juliana estava bem uma vez que trouxe mais camadas de roupa, além de apanhar bem menos chuva por estar na garupa. Eu estava ensopado e necessitando urgentemente de um banheiro. 




















Placas ao longo do caminho

Paramos no primeiro e único posto da cidade. Eis que encontramos uma dupla de ´hermanos argentinos´ trilhando o mesmo caminho à Ushuaia. Estavam estudando uma possível mudança de rota uma vez que, assim como nós, estavam com frio e dispostos a parar na cidade mais próxima da fronteira com o Chile. O problema é que após Rio Gallegos, não há nenhuma cidade a menos de 300 km de distância.

Papo vai e papo vem e descobrimos que o rípio para chegar a Ushuaia ficava logo após a fronteira e não entre Rio Grande e Ushuaia, como havíamos pensado.

Um dos Argentinos nos disse com muito orgulho: ´En Argentina no hay ripio. El ripio está en la parte chilena. En Argentina se cuidán de las rutas!´

Isso nos deixou preocupado, pois não havíamos planejado perder tempo com o rípio no dia de hoje. 


Saímos juntos do posto rumo à fronteira entre Argentina e Chile, a qual estava a cerca de 70 km de Rio Gallegos. Notem pelo mapa acima que para chegar a Ushuaia é necessário passar pelo Chile. A província da Tierra del Fuego é uma região isolada do resto da Argentina.

Ao chegarmos à fronteira, mais uma vez passamos por aquela burocracia chilena costumeira. Preenchimento de diversos formulários, inspeções de bagagem e todo tipo de desconfiança possível. Os Chilenos são bem menos receptivos que nossos ´hermanos´, que a cada dia mais nos impressionam pela hospitalidade a afinidades. Aquela história de rivalidade é mais uma tentativa da globo de inflar ânimos para atrair telespectadores para os jogos da seleção. De rivalidade não há nada. Pelo menos da parte deles, tenho impressão que não há essa bobagem.



















Fronteira - ainda um fio de lascar


Após fronteira tínhamos 2 opções a seguir: a primeira seria seguir os argentinos e andar mais 150 km até Punta Arena (CHI). A segunda seria seguirmos rumo à balsa, para então cruzarmos o Estreito de Magalhães e, após alguns poucos quilómetros de rípio, pernoitarmos em Cerro Sombrero.

Resolvemos escolher a segunda opção, o que seria exatamente o que havíamos planejado, exceto o fato de não anteciparmos que haveria rípio após a cruzada do estreito. 





 Fila para balsa

 Um cafezinho para esquentar um pouco enquanto a balsa não saía




 Enquanto tomávamos um cafezinho, um simpático argentino veio puxar papo conosco. Queria conhecer um pouco o scala rider (comunicador que usamos) e sobre outros detalhes de moto. Ele nos disse que o melhor rípio para se chegar à Rio Grande seria um caminho que passa à margem de Cerro Sombrero. Segundo ele, a maioria dos motociclistas erram o caminho e pegam a pior ruta de rípio, geralmente menos manutenida.

Foi esse o nosso maior problema: Essa ruta não vai à Cerro Sombrero. Vai direto à San Sebastián, pueblo minúsculo imediatamente na fronteira entre Chile e Argentina. Sendo assim, só havia uma possibilidade de pernoite. Em Rio Grande.


Foram mais de 120 km de rípio, com velocidade média de 50 km/h, sendo que em grande parte percorremos no escuro. Em alguns pontos, o rípio estava arenoso, o que exigia uma pilotagem de pé. No geral, estava bem melhor que o rípio do Paso San Francisco. http://vidal-madureira.blogspot.com.br/)




Chegamos à segunda fronteira (CHI-ARG) cerca de 23:30. Os oficiais de imigração nos olharam com surpresa. Devem ter perguntado o que um casal de loucos estaria fazendo alí, de moto e no frio, aquela hora da noite.

Algum tempo depois, chegamos ao hotel em Rio Grande famintos e cansados. Para nossa surpresa, o restaurante acabara de fechar. Felizmente encontramos um restaurante aberto as cercanias.

Moral da história: Para os futuros navegantes, o mais adequado é seguir de Puerto San Julian à Punta Arenas (CHI). Há uma balsa que cruza o Estreito de Magalhães até Provenir. Por ser mais longo o trecho de mar, essa balsa leva cerca de 2 horas para cruzar o mar e deve-se tomar cuidado pois têm horários bem específicos. A vantagem é que, estando em Punta Arenas, há possibilidade de pegar a primeira balsa do dia e logo após a cruzada já começa o trecho de rípio. Será o primeiro desafio do dia e não o último como foi o nosso caso.



Visão Garupa


Hoje tive a sensação que estava no programa Planeta Extremo. Sim, extremo, porque ficamos 16 horas rodando na moto, percorrendo as mais duras e complicadas temperaturas.

Claro que sabíamos que enfrentaríamos o vento, frio e neve na nossa expedição, mas não imaginávamos que enfrentaríamos o vento e o frio por cerca de 16 horas!!!

Foi muito díficil! Já saímos de Puerto San Julian debaixo de frio e chuva. Mal conseguíamos tirar o capacete para tirar fotos.

Já na estrada, pegamos muito vento e temperaturas despencando! Num determinado momento paramos em uma cidade, até que bem bonitinha, para abastecer, nossa sentimos como estava frio. Tivemos que tomar um café com leite, bem quente para nos aquecer!

Depois de chuva (aquela garoa fininha que incomoda) e alguns quilômetros, paramos em Rio Gallegos para abastecer de novo.

Aí encontramos um brasileiro e dois argentinos. O brasileiro saiu rapidamente, porque resolveu pernoitar em Rio Gallegos, os argentinos, como nós, estavam em dúvida qual caminho percorrer.

Depois de muito bate-papo e muitas informações importante, em especial a respeito de que local existia o rípio - só no Chile - todos decidimos seguir viagem.

Dali para o Paso de Fronteira Austral foi rapidinho, só nos confundimos com o posto. Primeiro Posto é de saída do Chile e ingresso na Argentina, já o segundo é de saída da Argentina e ingresso no Chile.

Resolvido isso, seguimos nosso destino. Os nossos hermanos seguiram para Punta Arenas - uma cidade maior - e nós para a Balsa para fazer a travessia do Estreito de Magalhães.

Lá conhecemos outro argentino, super simpático - de Ushuaia - que nos deu uma dica importante - seguir o caminho por Onaisin - um pouco maior - mas com ripio bem melhor e com alguns trechos de asfalto.

Essa ideia nos soou bem. Então decidimos que seguiríamos nosso hermano. 

Vale lembrar que a travessia pelo Estreito é bem rapidinha, uns 15 minutos no máximo, sendo que o ferry boat sai de 30 em 30 minutos. Não é muito caro, nós dois deu 80 pesos argetinos - Ah eles aceitam tudo - pesos argentinos, chileno, doláres, até tem um café dentro.

Depois da travessia acompanhamos nosso hermano. 

Gente, o caminho não tinha fim e o frio também não!

O pior que aqui escurece muito tarde, então perdemos a noção de tempo! 

Quando me dei conta, já era mais de 21h e nada do nosso destino.

Nosso hermano, foi super gentil todo caminho, nos esperou em diversos momentos, mas o caminho foi cansativo e gelado.

Ele se despidiu de nós num cruce - que fecha das 23h - e tem como destino - de um lado San Sebastian (cidade fronteiriça) de outro Porvenir (de onde parte uma balsa para cidade de Punta Arenas).

A partir dali, enfrentamos os quilometros finais de rípio.Depois de uma hora de sofrimento, chegamos à fronteira. Ali também terminou o caminho de rípio.

Mesmo assim, tinha muito estrada para nosso destino. Depois de muito rodar chegamos em Rio Grande. Chegamos cansados, com frio e fome.

Para nossa tristeza - restaurante do hotel estava fechado - mas o Sr. da recepção viu nossa situação e nos indicou um restaurante na Rua de cima.

Saímos à pé no maior frio!!!!!  Por sorte, achamos um lugar bacana para comer com atendentes super simpáticos.

Depois hotel, banho quente e cama!!! 

Agora estamos muito perto de nosso destino - 220km de Usuhaia.

Até!




sábado, 28 de dezembro de 2013

6o Dia - Puerto Madryn (ARG) - Puerto San Julian (ARG) - 873km

Visão Piloto

Desculpem-me pela brevidade do post de hoje mas, estou bastante cansado. Chegamos à cidade de Puerto San Julian por volta das 21 hs, ainda sob sol raiante e uma temperatura de cerca de 8 graus. Isso mesmo, o calor de outrora foi abruptamente substituído pela geladeira do quase círculo polar antártico.

Por esse motivo, vou dar um update de onde estamos no mapa e acrescentar algumas fotos do dia, que teve momentos de êxtase no momento em que margeamos o Oceano Atlântico.

Amanhã continuamos o nosso 6o dia de peregrinação rumo à Cerro Sombrero, no Chile. Devemos cruzar o famoso Estreito de Magalhães no final da tarde, para então, seguirmos à Ushuaia no dia seguinte.

Bom noite a todos!

Onde estamos...

F-G : Puerto Madryn à Puerto San Julian (850km)

Vídeo:



Fotos do Dia:

Comodoro Rivadavia

 Estrada chegando ao Oceano



 Monumento aos exploradores de petróleo em Caleta Olivia
 Guanacos nas proximidades de San Julian


 Réplica de jato utilizado na luta Argentina pelas Malvinas. 


Visão Garupa


Hoje o dia foi super cansativo. Acordamos cedo, nos arrumamos rápido porque já sabíamos que teríamos muita estrada pela frente.

Nosso primeiro desafio foi abastecer a moto na saída de Puerto Madryn,afinal aquela cidade também estava com problema de abastecimento. Depois de uma espera numa grande fila, seguimos viagem.

Já na saída da cidade já começamos sentir a temperatura um pouco mais agradável e fortes ventos. Paramos num primeiro posto de gasolina, já na estrada, e nossa como ventava. Já estava começando a esfriar.

Como ficamos um bom tempo no posto para trocar a lampada do farol da moto, deu para sentir a força do vento frio.

Daí por diante foi só vento. Vento e a temperatura baixando. 

Tivemos companhia de ótimas paisagens também: o oceano margeando a estrada de Comodoro Rivadavia até Caleta Olivia e ainda os Guanacos que habitam a Patagônia - os bichinhos são muito bonitinhos mas também são super rápidos, mal deu para tirar foto deles.

Depois da companhia dos Guanacos, pegamos um garoa chata que fez a temperatura bater os 12.º. Ficou frio, mas deu para suportar.

Essa garoa nos acompanhou a entrada do nosso destino - Puerto San Julian.

Cidade simpática essa, parece que é cheia de história, importante mesmo para o povo argentino. Estamos inclusive num hotel que tem em frente um monumento à Guerra das Malvinas e, de acordo com as informações da cidade, é onde foi celebrada a primeira missa em solo argentino.

Olha é bem frio aqui e escurece bem tarde, pelo que reparei só começou a escurecer mesmo às 22h00.

Para nós é bom, pois como estavamos fazendo altas quilometragens por dia, chegamos sempre nos nossos destinos com dia claro - mesmo que seja tarde.

Bem é isso. Agora falta bem pouco para o nosso destino.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

5o Dia - Bahia Blanca (ARG) - Puerto Madryn (ARG)

Caminho do dia:

F - Puerto Madryn

Visão Piloto

Hoje percorremos cerca de 700 km debaixo de um calor escaldante e uma paisagem absolutamente uniforme por todo o caminho. Deixamos para trás a Província de Buenos Aires para trás, com rápida passagem por Rio Negro e finalmente chegando à Província de Chubut.

No caminho encontramos uma tropa de cerca de 30 motociclistas argentinos que também desbravam a patagônia  rumo à Ushuaia. Alguns deles ostentavam orgulhosamente bandeiras do Brasil e adesivos com passagens em diversas cidades do Sul do país.

Durante o trajeto de hoje, quase nos faltou gasolina. Na província de Chubut os postos são bem escassos e ficam a cerca de 150 kms uns dos outros. Alguns não tinham nada estavam com falta de combustível, sabe-se lá por qual razão.

Tivemos que percorrer cerca de 100 km mantendo uma velocidade de lesma de modo a baixar o consumo de combustível, evitando uma pane seca na terra do nada. Após chegarmos ao posto, a sensação de alívio foi rapidamente trocada pela indignação e incerteza. Havia uma fila quilométrica de carros pois somente uma bomba estava funcionando. 

Quase 40 minutos depois, finalmente conseguimos os 30 litros necessários parar continuar a aventura do dia. Mas como saco vazio não para de sentado na moto,  paramos em um ´comedor´para um rápido almoço.

Chegava a hora, então, da esticada final dos 250 km faltantes. 


Parecia que ia ser fácil, não fosse pela mãe natureza que manteve a temperatura na casa dos 30 e trouxe uma novidade vinda do extremo sul.

Conforme nos aproximávamos de Puerto Madryn, o vento começou a dar as caras de forma desagradável. As rajadas eram constantes e exigiam força de contrapeso para evitar que a moto saisse da estrada. 

Algumas eram tão fortes, que davam a impressão que alguém lá em cima estava estapeando a moto. Como me disse um motociclista argentino:  "Joven,  tu tienes que respetar el viento e andar muy despacio." Falou isso, ostentando uma suposta experiência patagônica, torcendo a mão para frente como se estivesse desacelerando.

Às 18hs chegamos à cidade de Puerto Madryn. O tempo estava tão agradável que resolvemos dar umas bandas pela cidade e comer alguma coisa na rua. O sol se põe bem tarde por aqui.

A cidade é bastante turística. Há gringos de toda a sorte, desde crianças até idosos. Sinceramente, não sabia que Puerto Madryn estaria elencada em algum Lonely Planet guide da gringolândia. Está repleto de gringos ´maltrapilhos´ostentando suas mochilinhas da North Face com aquela cara de projeto de Charles Darwin.

Amanhã teremos um dia longo. Partiremos rumo ao Puerto San Julian em uma tocada de cerca de 850km
.

Visão Garupa


Como vocês se viram nos outros posts do blog estamos percorrendo muita quilometragem por dia para alcançar nosso objetivo – Ushuaia – em um curto espaço de tempo.

Acontece que, essas longas distâncias por dia, cansam muito, e necessitam sempre de uma boa noite de sono anterior.  Por sorte, pegamos um hotel muito bom em Bahia Blanca que nos garantiu uma excelente noite de sono, e nos dificultou levantar da cama e seguirmos viagem.

Depois de enrolar um pouco, para deixar a preguiça passar, tomamos nosso café, demos uma rapida volta na cidade para sacar dinheiro, porque para pagar a gasolina aqui, na maioria dos lugares é só em dinheiro e dai seguimos viagem.

Na saída de Bahia Blanca passamos por um posto de gasolina, onde o frentista nos adiantou que muitos motociclistas tinham passado por lá.

Era verdade. No nosso longo caminho, com muito sol, encontramos vários motociclistas na estrada – brasileiros e argentinos – com o mesmo destino Ushuaia.

Encontramos na estrada, nos postos de gasolina e ao final na mesma parada para pernoite.

De fato nosso destino está cada dia mais popular, sendo cada dia mais comum conhecer alguém que já fez esse mesmo destino.

Numa dessas paradas, talvez a mais desesperadora, encontramos dois argentinos e três brasileiros. Essa parada foi no inicio da provincia do Rio Negro, onde finalmente descobrimos que o problema de abastecimento da gasolina – que já enfrentamos na expedição anterior – continua.

É assustador percorrer quilometros, no meio do nada, para quando encontrar um único e derradeiro posto de gasolina, descobrir que não há “nafta”! 

O pior é saber que o próximo posto fica a 90km e a autonomia da moto é de 100km.

Pois é, nossos hermanos de moto que estavam na mesma situação que nos deram a dica do próximo posto, e ai, seguimos rezando para que tudo desse certo.

Bem, deu! Mas quando chegamos no posto, havia uma fila quilometrica de carros aguardando por nafta! E ficamos lá aguardando nossa vez.

Depois de tanto esperar e ver o preço salgado da nafta – pq a inflação tá feia aqui – paramos para fazer uma breve refeição.

Devidamente alimentados, seguimos nossa longa e quente viagem. Vale informar que a Argentina está sofrendo uma onde de calor, onde em todos os lugares a temperatura está muito alta.

Então dá para entender nosso sofrimento.

Bem, depois chegamos em Puerto Madryn, uma cidade bem agradável, bem turistica, que nos rendeu lindas fotos. Engraçado que já estamos verificando que está cada vez anoitecendo mais tarde, hoje era 21h30 quando o sol começou a se por.

Acreditamos que a partir de agora as temperaturas serão mais amenas, o vento será mais forte e os dias serão bem mais longos e que ainda, encontraremos muitos motociclistas na estrada em busca do mesmo destino.


Bem, agora é descansar para mais um long dia de viagem.


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

4.º Dia - Colonia del Sacramento (Uruguai) - Bahia Blanca (Argentina)



Hoje alcançamos exatamente a metade do caminho à Ushuaia, como se pode ver no mapa abaixo: 

A- São Paulo, B- Lages, C- Pelotas, D-Colonia do Sacramento, E-Bahia Blanca

Serão mais quatro dias até o  destino final, que fica exatamente na pontinha da Argentina. A tendência é que a temperatura caia e o vento se fortifique, km a km, conforme descemos. Hoje mesmo, já percebemos uma ventania um pouco mais acentuada.

O dia de hoje foi uma mistura de prazeres e desprazeres. O calor estava intenso ao chegarmos em Buenos Aires, o que perdurou por algumas horas até alcançarmos uma a ruta 5.

Acordamos cedo, tomamos nosso café e partimos rumo ao porto de Colonia de modo a embarcarmos no Buquebus. Os trâmites foram mais tranquilos do que esperávamos, exceto uma pequena burocracia com o embarque da moto.

Às 10:15 já estávamos prontos para partir em Puerto Madero, um dos bairros mais badalados da nova Buenos Aires. Como estivemos em Buenos Aires há poucos anos, não perdemos tempo ´sightseeing´. 
Apesar de hoje ser Natal, foi uma dificuldade sair da cidade. Havia movimento acima do esperado e a saída é um tanto confusa. Imagine um argentino tentando sair da Zona Norte de São Paulo e chegar na Imigrantes. Pois bem, guardadas as devidas proporções foi mais ou menos igual. 

O grande desprazer do dia foi o calor infernal que passamos na estrada. Em determinados momentos, o termômetro da moto marcava 40 graus mas tenho certeza que a sensação térmica era bem maior! O vento parecia ar saindo de aquecedor!

Como consequência, a Juliana reclamou um pouco. Tivemos que fazer algumas paradas não planejadas para refrescar e descansar um pouco. Sabe como é, pegar a cabeça e enfiar na torneira. 

Nas horas do aperto sempre a lembro que missão dada, é missão cumprida. Além do mais, ela foi a maior incentivadora dessa viagem. Não é um calorzinho desses que vai nos vencer. E tem mais, pessoa  bem alimentada e  hidratada, além de condicionada, como é o caso, aguenta qualquer extremidade climática.

Após o almoço, ela mudou de humor. Como se diz: o desconforto momentâneo é sempre o melhor potencializador do conforto posteiro. Dito e feito!

Chegamos à Bahia Blanca bem cedo, cerca de 17hs, já com o ganho da baixa do horário de verão. 

A primeira vista, a cidade aparenta ter bastante recursos financeiros. As ruas são bem pavimentadas, as calçadas de qualidade e pequenos detalhes mostram que o município investe bastante. Há diversas casas de luxo espalhadas pela entrada da cidade e, até o momento, não vi bolsões de pobreza.

Pelo que li a respeito, a cidade é o principal porto de cereais da Argentina e conta com diversas indústrias, inclusive uma grande refinaria da Petrobrás. Além, é claro, de ser cidade litorânea, o que certamente deve atrair turistas e construção de casas de qualidade. Enfim, não esperava o que vi.

Amanhã partimos rumo à Puerto Madryn, o que dará inicio à segunda matade da expedição de ida ao ´Fim do Mundo´. 

Ah..esqueci de comentar algo que me impressionou. A inflação realmente bateu forte en los hermanos. O preço da gasolina quase que dobrou desde janeiro desse ano, quando fizemos a viagem ao Peru. No começo do ano, com 150 pesos eu conseguia encher o tanque da moto. Hoje gastei 260! Pior que o câmbio oficial pouco se alterou.

Segundo me comentaram no hotel, há 2 duas taxas de câmbio. A oficial, onde 1 real compra 3 pesos, e a do mercado paralelo, onde sabe-se lá qual para onde vai.

A Kirchner que se cuide pois estamos na fase onde os entes econômicos já começam a boicotar a economia. O próximo passo é a dolarização informal da economia.

Visão garupa

Depois da nossa ceia de natal regada com água tônica, doritos, batata lays e bolacha integral, ficamos no quarto do nosso hotel pesquisando como iriamos fazer hoje a nossa travessia para a Argentina.


Não sei se vocês sabem, mas é possível cruzar a fronteira do Uruguai para a Argentina, por meio do Rio da Prata, valendo-se de ferry boat. Pode-se fazer a travessia do Uruguai de Montevideo ou de Colonia e da Argentina de Buenos Ayres.

O ferry boat mais conhecido é o buquebus, mas pesquisando ontem a noite, o preço para hoje estava muito salgado. Ai procuramos outras opções na internet, acabamos decidindo que pegaríamos o seatcat, que faz o mesmo serviço por um preço melhor.

Ficamos na dúvida se compraríamos pela internet ou não. Optamos por não comprar e deixar para comprar uma hora antes do embarque.

Foi o que fizemos. Levantamos hoje cedo, tomamos nosso café, arrumamos nossas coisas e partimos para o terminal de passageiros. Lá nos confundimos um pouco, mas compramos nossos tickets - inclusive o da moto - pela seatcat, por um preço, aproximado de R$ 300,00.Ver vídeo abaixo:



Lá conhecemos uma família de brasileiros, que comprou os tickets para o buquebus - pai, mãe e três filhos mais o carro - por um valor de R$ 1000,00. Salgado não? Ainda mais para uma travessia de uma hora.

Chegamos em Buenos Ayres, a cidade estava bem tranquila – afinal é feriado! Ruas vazias, que deu para um motorista de ônibus parar ao nosso lado para bater um rápido bate papo.

Engraçado voltar a Buenos Ayres depois de uma visita anterior (já fiz um rápido passeio em 2009), porque você consegue entender melhor a cidade, a localização das coisas, enfim, foi bem legal, deu até vontade de ficar um pouquinho.

Na saída da cidade o GPS meio que pirou, nos fez passar duas vezes no mesmo pedágio mas em sentido oposto, depois de tanto bater cabeça finalmente se achou e ai saímos da cidade.

Para variar enfrentamos muito sol!!!! E hoje tivemos um agravante, o feriado, ficamos com medo de passar fome, mas por sorte, achamos um posto de rede OIL que tem uma lojinha bem bacana com um cardápio legal que deu para fazermos um rápido e gostoso almoço.




Daí por diante foi só estrada, sol e mais estrada. Ah aconteceu um acidente, nosso camel back sofreu um acidente, a mangueira de água meio que derreteu ao encostar sabe lá no que da moto. Vou ter que fazer uma gambiarra amanhã!!!

Depois de muito rodar e cruzar com duas motos brasileiras pelo nosso caminho - finalmente encontramos outros como nós - chegamos ao nosso destino: Bahia Blanca.

Lugar lindo por sinal! E estamos num hotel ótimo - Land Plaza Hotel Bahia Blanca.

Agora é só descansar, para mais estrada amanhã!


Fotos do dia:

 Saída de Colônia



  Buquebus internamente... 


 Dentro do Buquebus, preparando para sair..

 Puerto Madero... 


 Saindo da estação do Buquebus em Puerto Madero



 Esquerda em ação... 
 Casa Rosada... 

 Minhocão argentino...


  
 Plaza de Bahia Blanca...