Roteiro - Onde estamos...
G- H: Puerto San Julian à Rio Grande
Estamos hoje (28/12/13 - post com 1 dia de atraso) na cidade de Rio Grande. Abaixo caminho do dia:
Visão Piloto
O palavra que resume o dia de hoje é resistência. Resistência física, por conta do imenso frio que passamos entre Puerto San Julian e Rio Gallegos e resistência psicológica pois, ao fazermos a insana escolha de seguirmos até Rio Grande, chegamos quase 1h da manhã no Hotel. Digamos que, apesar da distância total ser somente de 720km entre os dois pontos, pelo caminho há 125km de rípio, 2 cruzadas de fronteira e uma travessia de balsa. Tudo somado, o percurso nos tomou 16 horas. Ou seja, um verdadeiro teste de paciência e resistência.
Saímos de Puerto San Julian às 9:00hs debaixo de 6 graus e uma chuva desagradável, no mínimo potencializadora do frio. Isso não foi empecilho para tirarmos algumas fotos desse agradável ´pueblo´.
Réplica do nau de Fernão de Magalhães Magalhães, navegador português que ao descobrir a região, foi homenageado com seu nome dado ao estreito no extremo sul da Argentina . Detalhe: com uma temperatura de 6 graus,vento forte e chuva, tirar o capacete é quase um atentado a própria vida!
A chuva não nos deixou em paz por cerca de 3 horas. Ao chegarmos na cidade de Rio Gallegos, a tremedeira por baixo das roupas era o único remédio para aumentar a temperatura de um corpo em ponto de congelamento. A Juliana estava bem uma vez que trouxe mais camadas de roupa, além de apanhar bem menos chuva por estar na garupa. Eu estava ensopado e necessitando urgentemente de um banheiro.
Placas ao longo do caminho
Paramos no primeiro e único posto da cidade. Eis que encontramos uma dupla de ´hermanos argentinos´ trilhando o mesmo caminho à Ushuaia. Estavam estudando uma possível mudança de rota uma vez que, assim como nós, estavam com frio e dispostos a parar na cidade mais próxima da fronteira com o Chile. O problema é que após Rio Gallegos, não há nenhuma cidade a menos de 300 km de distância.
Papo vai e papo vem e descobrimos que o rípio para chegar a Ushuaia ficava logo após a fronteira e não entre Rio Grande e Ushuaia, como havíamos pensado.
Um dos Argentinos nos disse com muito orgulho: ´En Argentina no hay ripio. El ripio está en la parte chilena. En Argentina se cuidán de las rutas!´
Isso nos deixou preocupado, pois não havíamos planejado perder tempo com o rípio no dia de hoje.
Saímos juntos do posto rumo à fronteira entre Argentina e Chile, a qual estava a cerca de 70 km de Rio Gallegos. Notem pelo mapa acima que para chegar a Ushuaia é necessário passar pelo Chile. A província da Tierra del Fuego é uma região isolada do resto da Argentina.
Ao chegarmos à fronteira, mais uma vez passamos por aquela burocracia chilena costumeira. Preenchimento de diversos formulários, inspeções de bagagem e todo tipo de desconfiança possível. Os Chilenos são bem menos receptivos que nossos ´hermanos´, que a cada dia mais nos impressionam pela hospitalidade a afinidades. Aquela história de rivalidade é mais uma tentativa da globo de inflar ânimos para atrair telespectadores para os jogos da seleção. De rivalidade não há nada. Pelo menos da parte deles, tenho impressão que não há essa bobagem.
Fronteira - ainda um fio de lascar
Após fronteira tínhamos 2 opções a seguir: a primeira seria seguir os argentinos e andar mais 150 km até Punta Arena (CHI). A segunda seria seguirmos rumo à balsa, para então cruzarmos o Estreito de Magalhães e, após alguns poucos quilómetros de rípio, pernoitarmos em Cerro Sombrero.
Resolvemos escolher a segunda opção, o que seria exatamente o que havíamos planejado, exceto o fato de não anteciparmos que haveria rípio após a cruzada do estreito.
Fila para balsa
Um cafezinho para esquentar um pouco enquanto a balsa não saía
Foi esse o nosso maior problema: Essa ruta não vai à Cerro Sombrero. Vai direto à San Sebastián, pueblo minúsculo imediatamente na fronteira entre Chile e Argentina. Sendo assim, só havia uma possibilidade de pernoite. Em Rio Grande.
Foram mais de 120 km de rípio, com velocidade média de 50 km/h, sendo que em grande parte percorremos no escuro. Em alguns pontos, o rípio estava arenoso, o que exigia uma pilotagem de pé. No geral, estava bem melhor que o rípio do Paso San Francisco. http://vidal-madureira.blogspot.com.br/)
Chegamos à segunda fronteira (CHI-ARG) cerca de 23:30. Os oficiais de imigração nos olharam com surpresa. Devem ter perguntado o que um casal de loucos estaria fazendo alí, de moto e no frio, aquela hora da noite.
Algum tempo depois, chegamos ao hotel em Rio Grande famintos e cansados. Para nossa surpresa, o restaurante acabara de fechar. Felizmente encontramos um restaurante aberto as cercanias.
Moral da história: Para os futuros navegantes, o mais adequado é seguir de Puerto San Julian à Punta Arenas (CHI). Há uma balsa que cruza o Estreito de Magalhães até Provenir. Por ser mais longo o trecho de mar, essa balsa leva cerca de 2 horas para cruzar o mar e deve-se tomar cuidado pois têm horários bem específicos. A vantagem é que, estando em Punta Arenas, há possibilidade de pegar a primeira balsa do dia e logo após a cruzada já começa o trecho de rípio. Será o primeiro desafio do dia e não o último como foi o nosso caso.
Visão Garupa
Hoje tive a sensação que estava no programa Planeta Extremo. Sim, extremo, porque ficamos 16 horas rodando na moto, percorrendo as mais duras e complicadas temperaturas.
Claro que sabíamos que enfrentaríamos o vento, frio e neve na nossa expedição, mas não imaginávamos que enfrentaríamos o vento e o frio por cerca de 16 horas!!!
Foi muito díficil! Já saímos de Puerto San Julian debaixo de frio e chuva. Mal conseguíamos tirar o capacete para tirar fotos.
Já na estrada, pegamos muito vento e temperaturas despencando! Num determinado momento paramos em uma cidade, até que bem bonitinha, para abastecer, nossa sentimos como estava frio. Tivemos que tomar um café com leite, bem quente para nos aquecer!
Depois de chuva (aquela garoa fininha que incomoda) e alguns quilômetros, paramos em Rio Gallegos para abastecer de novo.
Aí encontramos um brasileiro e dois argentinos. O brasileiro saiu rapidamente, porque resolveu pernoitar em Rio Gallegos, os argentinos, como nós, estavam em dúvida qual caminho percorrer.
Depois de muito bate-papo e muitas informações importante, em especial a respeito de que local existia o rípio - só no Chile - todos decidimos seguir viagem.
Dali para o Paso de Fronteira Austral foi rapidinho, só nos confundimos com o posto. Primeiro Posto é de saída do Chile e ingresso na Argentina, já o segundo é de saída da Argentina e ingresso no Chile.
Resolvido isso, seguimos nosso destino. Os nossos hermanos seguiram para Punta Arenas - uma cidade maior - e nós para a Balsa para fazer a travessia do Estreito de Magalhães.
Lá conhecemos outro argentino, super simpático - de Ushuaia - que nos deu uma dica importante - seguir o caminho por Onaisin - um pouco maior - mas com ripio bem melhor e com alguns trechos de asfalto.
Essa ideia nos soou bem. Então decidimos que seguiríamos nosso hermano.
Vale lembrar que a travessia pelo Estreito é bem rapidinha, uns 15 minutos no máximo, sendo que o ferry boat sai de 30 em 30 minutos. Não é muito caro, nós dois deu 80 pesos argetinos - Ah eles aceitam tudo - pesos argentinos, chileno, doláres, até tem um café dentro.
Depois da travessia acompanhamos nosso hermano.
Gente, o caminho não tinha fim e o frio também não!
O pior que aqui escurece muito tarde, então perdemos a noção de tempo!
Quando me dei conta, já era mais de 21h e nada do nosso destino.
Nosso hermano, foi super gentil todo caminho, nos esperou em diversos momentos, mas o caminho foi cansativo e gelado.
Ele se despidiu de nós num cruce - que fecha das 23h - e tem como destino - de um lado San Sebastian (cidade fronteiriça) de outro Porvenir (de onde parte uma balsa para cidade de Punta Arenas).
A partir dali, enfrentamos os quilometros finais de rípio.Depois de uma hora de sofrimento, chegamos à fronteira. Ali também terminou o caminho de rípio.
Mesmo assim, tinha muito estrada para nosso destino. Depois de muito rodar chegamos em Rio Grande. Chegamos cansados, com frio e fome.
Para nossa tristeza - restaurante do hotel estava fechado - mas o Sr. da recepção viu nossa situação e nos indicou um restaurante na Rua de cima.
Saímos à pé no maior frio!!!!! Por sorte, achamos um lugar bacana para comer com atendentes super simpáticos.
Depois hotel, banho quente e cama!!!
Agora estamos muito perto de nosso destino - 220km de Usuhaia.
Até!
Nenhum comentário:
Postar um comentário